22 de jun. de 2014

Juntos até o fim - Cap 31


Era só mais uma tediosa tarde de domingo. Nada de interessante acontecendo.

Tomás estava deitado no sofá, assistindo á um filme qualquer de sessão da tarde com uma bacia de pipoca em cima dele, enquanto Thiago estava sentadinho no chão, desenhando e rabiscando em algumas folhas que antes eram brancas. Carla estava no apartamento de Alice, tinha ido junto com Angellina.

–Papai, vamos descer pro play? – Thiago perguntou, ainda concentrado em desenhar. Ele de repente ficou animado. – Vamos jogar futebol?!

–Mas agora, filho? – Tomás perguntou, desanimado. Ele torcia para que o filho desistisse dessa ideia.

–É papai, agora. Você não tá fazendo nada mesmo… – Thiago disse e se levantou no chão, indo até o pai.

–E quem te disse que eu não to fazendo nada? – Tomás agora se sentou no sofá e se virou para o filho.

–Se você tivesse fazendo alguma coisa importante, não tava aí deitado no sofá comendo pipoca. – Thiago respondeu, e sorriu, sapeca. Podia ter pouca idade, mas já entendia bem das coisas.

–Só porque que eu to aqui no sofá, não significa que eu não to fazendo nada. – Tomás insistia, e ria ao ver a carinha emburrada do filho.

–Papai! – Thiago dizia, com beicinho. Ele pareceu se lembrar de algo, e riu. – A mamãe não vai gostar nada de saber que você bagunçou a cozinha toda, só pra preparar a pipoca e os lanches, não é mesmo? Ela vai ficar bem brava… – Thiago agora tinha percebido que tinha um ponto a seu favor.

–Tá, você venceu. – Tomás se levantou, prontamente. Thiago deu uma risadinha. – Se você não contar pra sua mãe que eu baguncei a cozinha, a gente pode brincar até a hora que você quiser, juro.

–Mas você também tem que deixar eu chamar todos os outros. A Clarisse, o Rodrigo, a Angie, o Matheus… Cê deixa? – Thiago fez cara de pidão.

–Deixo, deixo. Mas nada de contar pra sua mãe, ouviu? – Tomás dizia, receoso.

–Tá bom. – Thiago ria do pai. – Acho melhor você começar a arrumar tudo logo…

Tomás logo foi para a cozinha e começou a arrumar tudo. Guardando, limpando, lavando. Thiago tinha ficado na sala, terminando de desenhar. Depois de um tempinho, ele já estava ficando entediado de tanto esperar o pai terminar de arrumar tudo.

Se levantou, deixando todos os lápis e papéis jogados sobre o chão, e foi até a cozinha, atrás do pai.

–Papai, ainda não terminou? – Thiago perguntou, ansioso. Tomás que nem havia percebido que o filho estava ali, o olhou, surpreso, mas logo sorriu.

–To quase, é só terminar de guardar essas coisas aqui da mesa. – Tomás respondeu e apontou para a mesa de jantar, que estava repleta de ‘porcarias’, segundo Carla. Salgadinhos, refrigerante, pães, suco, balas, doces, pipoca…

–Eu ajudo você papai. – Thiago disse, sorrindo. Tomás ficou um pouco surpreso pela atitude do filho, mas logo sorriu, orgulhoso.

–Tudo bem. – Tomás sorria. Ele olhou para a mesa por um instante e pensou um pouco, sobre por qual parte iria começar. – Tá, você vai me entregando as coisas e eu vou guardando.

Thiago assentiu, e logo eles começaram. Thiago pegava cada guloseima da mesa, e ia entregando uma por uma para o pai, que ia guardando-as. Em pouco tempo, já haviam guardado tudo.

–Terminamos! – Thiago dizia, animado por finalmente terem acabado de guardar tudo. Ele foi até o pai e começou a puxá-lo pela mão. – Agora vamos papai! Vamos chamar os outros!

–Calma, calma. – Tomás riu, do jeito apressado do filho.

Os dois logo saíram do apartamento, indo chamar os outros.

***

Já estavam dentro do elevador, descendo pro play. No elevador estavam, Tomás, Pedro, Diego, Matheus, Thiago, Rodrigo e Angellina, única menina que estava ali, pois Clarisse tinha ficado com a mãe. Pedro e Diego tinham decido ir também, pra acompanhar os filhos, passar um tempinho com eles.

–Corrida até o parquinho? – Rodrigo sugeriu logo que as portas do elevador se abriram.

Matheus, Thiago, Angellina e Rodrigo se entreolharam, e sorriram cúmplices.

–Nem pensem nisso… – Diego advertia as crianças, mas, antes que ele pudesse terminar de falar, elas saíram correndo pela portaria, indo até o parquinho que havia no play.

–Ei! Ei, esperem! – Pedro gritava, tentando fazer eles voltarem, mas já era tarde, já haviam ido.

–Já era, eles já foram… – Tomás dizia, e eles saíram do elevador. Foram caminhando em direção ao parquinho, onde os filhos já deviam estar. – Já perceberam que eles são mais teimosos que a gente?

–Pior que já. De onde será que eles puxaram isso? – Pedro disse e riu.

–Jura? Pedro, o cara mais cabeça dura de todos, não sabe de onde o filho puxou a teimosia. – Tomás dizia, irônico.

–É verdade cara. – Diego ria dos amigos.

–Hahaha. – Pedro riu, irônico. – Muito engraçado vocês né? To morrendo de rir. – Ele dizia, sério, o que fazia os amigos rirem mais ainda.

Assim que chegaram ao play, puderam ver os filhos lá. Na ‘casinha’ de madeira, estava Angellina, com algumas outras crianças que haviam chegado antes. No balanço estavam Matheus e Thiago, e no escorregador estava Rodrigo.

Eles sorriam ao ver os filhos ali, brincando. Era tão bom a sensação de vê-los ali, brincando felizes, aproveitando bem a infância, a melhor fase da vida.

Pedro logo notou que a quadra estava vazia, e teve a ideia de chamar os amigos para jogar um pouco, já fazia um tempinho que não jogavam juntos.

–Aí, a quadra tá vazia. Bora jogar uma partida? – Pedro sugeriu aos amigos.

–Ah, eu topo. – Diego concordou, sorrindo.

–Fazer o que né, melhor eu ir jogar com vocês que ficar aqui sozinho. – Tomás disse e suspirou. – Quem vai buscar a bola lá em cima?

Eles se entreolharam, esperando alguém se oferecer para buscar a bola.

–Tá, eu vou… – Diego disse. Logo ele entrou novamente no prédio, indo buscar a bola, para poderem jogar.

Enquanto Diego havia ido buscar a bola, as crianças, ainda brincavam no parquinho.

–Por favor, Rodrigo! –Angellina suplicava. – Por favorzinho!

–Não, não e não! – Rodrigo continuava firme em sua decisão. – Já disse que não vou brincar de casinha, é brincadeira de menininha.

–Mas,… se você não quiser ser meu marido, quem vai ser o papai da minha filhinha? – Angellina mostrou a boneca que havia trazido, que seria sua ‘filha’. Ela fazia biquinho.

–Por que você não pede pro Thiago, ou pro Matheus? – Rodrigo sugeriu.

–Porque eu quero que seja você! – Ela exclamou, já impaciente. – Você vem ou não?

–Lá só tem meninas! – Rodrigo apontou para a casinha de madeira, onde estavam algumas menininhas brincando lá dentro. – Eu não quero ser o único menino.

–Então chama o Matheus e meu irmão, eles podem brincar de casinha junto com a gente, podem ser os maridos das minhas amigas ali…

–Tá, mas se eles não forem, eu não vou! – Rodrigo disse, impondo sua condição.

–Tudo bem… – Angellina concordou, e revirou os olhinhos castanhos.

Rodrigo foi até os meninos, enquanto Angellina ficou em pé, parada, esperando ele voltar, e segurando sua boneca. Depois de alguns minutos conversando com os amigos, Rodrigo conseguiu convencê-los á se juntar á ele. Os meninos foram até Angellina.

–Vem, vou mostrar pra vocês as minhas amigas que conheci! – Angellina dizia, anima. Pegou na mão de Rodrigo e o puxou, praticamente arrastando-o para a casinha, enquanto ele fazia uma careta.

Thiago e Matheus riram, e logo seguiram eles.

Chegaram lá, e os meninos puderam ver, duas meninas, mais ou menos de sua idade. A primeira era menor, a pele branca e os olhos cor de mel, os cabelos eram escuros e curtos. A segunda era um pouquinho maior, a pele igualmente branca e os olhos bem escuros, os cabelos loiros eram longos e ondulados.


–Meninas, esses são os garotos que eu tinha falado. – Angellina, ainda segurando a mão de Rodrigo, falou com as novas amigas, que sorriam. Cada uma das meninas seguravam um boneca, assim como Angie. – Esse é o meu irmão, Thiago. E esses são meus… primos. Rodrigo e Matheus. – Angellina apresentou os meninos para elas, apontando para cada um.

–Oi meninos. – As duas disseram, em uníssono.

–Eu sou a Amanda. – A menina maior e de cabelos loiros falou. – E essa aqui é a minha prima, Lívia. – Ela apresentou a prima.

Logo que se apresentaram, já começaram a brincar juntos, enquanto conversavam. Estavam se dando super bem.

Amanda tinha a idade de Matheus, e Lívia era apenas um ano mais velha que Thiago. Apesar de relutantes, os meninos aceitaram serem o ‘par’ das meninas, Thiago com Lívia; Angellina com Rodrigo; Matheus com Amanda.

–Não é assim que se dá comidinha pra sua filha! – Angellina repreendia Rodrigo, que estava com a boneca em seu colo, e um prato e talher de plástico. Ele pegava a colher e com bastante força, tentava enfiar a colher de brinquedo na boca da boneca.

–E você não sabe pentear os cabelos dela. – Lívia dizia pra Thiago, que também com força, tentava ‘pentear’ os cabelos da boneca.

–E olhem só o Matheus! Não sabe nem fazer ela dormir, parece que tá matando minha filha. – Amanda disse e fez uma cara emburrada. Matheus tinha a boneca nos braços, e ao invés de niná-la, ficava balançando ela muito rápido, todo desajeitado.

–Ah, vocês pedem pra gente brincar com vocês e depois ficam com raiva! – Matheus se revoltou. Levantou do chão, onde estava sentado, e entregou a boneca para Amanda.

–É verdade! Brincar disso é muito chato, eu desisto! – Thiago também se revoltou. Definitivamente não estavam gostando de brincar de casinha.

–Eu também! Essas brincadeiras de menininhas são muito bobas. – Rodrigo falou, e devolveu a boneca de Angellina para a mesma.

–Não são bobas não! Bobos são vocês! – Angie havia se irritado.

–Já que vocês não querem brincar de casinha, o que vocês querem? – Lívia perguntou.

–Futebol. – Os três meninos disseram, em uníssono.

–Não e não. Vamos pensar em alguma coisa pra menino e menina. – Amanda disse, tentando pensar em alguma brincadeira.

Depois de alguns minutos, nenhuma das crianças haviam pensado em nada.

–Que tal pique-pega? – Matheus sugeriu, sorrindo.

–Isso! – Angellina concordou.

Todos também haviam concordado em brincarem de pique-pega.

***

Depois de passarem a tarde inteira brincando juntos, os seis estavam se divertindo bastante juntos. Podia se dizer que estavam se tornando amigos. Grandes amigos. Pode até parecer cedo demais, mas, com criança é diferente de adulto. Criança é inocente, não tem maldade, é sincera, e criar amizades é quase tão simples quanto respirar.

Os seis estavam correndo pelo play, ainda brincando de pique-pega. Ofegante, gargalhavam e tentavam fugir de Thiago, porque estava com ele.

Na quadra, Tomás, Diego e Pedro tinham jogado algumas partidas, e já estavam cansados. Decidiram que já estava bom, e resolveram chamar os filhos para voltarem pra casa.

Logo o que esperavam aconteceu: Pirraça pra não irem pra casa. Matheus, Rodrigo, Angellina e Thiago tentavam convencer de todo modo os pais á deixarem eles ficarem lá, brincando mais com suas novas amigas.

–Por favor papai! Só mais um pouquinho! – Rodrigo pedia ao pai.

–Então deixa a Amanda e a Lívia irem pra nossa casa. Deixa papai? – Angellina sugeriu, e fez uma carinha fofa, que Tomás não podia resistir.

–É papai, deixa elas irem com a gente! – Thiago incentivava, apoiando a irmã.

–Tá, tá bom. Mas vamos ter que avisar ás mães delas que elas vão lá pra casa. – Tomás disse, e logo as seis crianças começaram a pular e dar gritinhos de alegria.

–Já que elas vão pra casa do Thi e da Angie, eu também posso ir papai? Eu também quero brincar com eles. – Matheus pedia ao pai.

–É, o senhor deixa eu ir também, papai? Deixa vai… – Rodrigo pedia, usando a mesma tática de Angellina, e fazendo uma carinha fofa.

Nem Pedro nem Diego disseram nada, apenas sorriram pros filhos e assentiram. Os dois meninos logo comemoraram ainda mais.

Depois de acalmarem os ânimos, as crianças acompanharam Diego, Pedro e Tomás até a portaria, onde foram até o sindico do prédio. Pediram pra ele interfonar para o apartamento dos pais das meninas. Amanda e Lívia disseram o número do apartamento de cada uma e o porteiro interfonou. Diego conversou com as mães das meninas, pedindo para elas deixarem suas filhas brincarem com seu filho e as outras crianças, e para sua surpresa, elas deixaram. Assim que Diego disse que Verônica e Olívia, as mães das meninas, haviam deixado elas irem, foi outra comemoração.

Na hora de subirem, perceberam que não cabiam todos no mesmo elevador, então se dividiram em três. Pedro levou Matheus e Amanda. Tomás levou Thiago e Lívia. Diego levou Rodrigo e Angellina. Depois de todos terem subido, pararam no andar do apartamento de Carla e Tomás.

Foram até o apartamento e Tomás bateu na porta, pois sabia que Carla já havia voltado. Carla abriu, com um sorriso, mas logo seu rosto adquiriu uma expressão espantada, ao ver o tanto de gente ali.

–Oi amor. – Tomás a cumprimentou, e lhe deu um selinho. Carla continuava olhando para as crianças, sem entender nada.

–Oi… Quem são elas? – Carla perguntou para o marido, sem tirar os olhar das crianças.

–É a Lívia e a Amanda, mamãe.- Thiago explicou.

–Conheci elas lá no play, são nossas amigas. – Angellina disse.

–Ah, ta. Entrem. – Carla disse e saiu de frente da porta, para poderem entrar. As seis crianças logo adentraram a casa, correndo. – E vocês, não vão entrar? – Carla perguntou á Pedro e Diego, que não entraram.

–Não, não. Eu to todo suado porque a gente tava jogando futebol, preciso de um banho. – Pedro disse e riu.

–Pois é, eu também preciso de um banho. Se importa se o Rodrigo e o Matheus ficarem aqui um pouco? Eles insistiram pra ficarem brincando com as novas amigas. – Diego explicou para a amiga, que assentiu, sorrindo.

–Claro que podem! – Carla confirmou para os amigos.

–Então tá, a gente vai indo. Mais tarde passamos aqui para pegar eles. – Pedro disse.

Eles se despediram de Carla e subiram, cada um pra seu apartamento.

***

Já á noite, as crianças estavam exaustas, ficaram o dia todo brincando juntas. Desenharam, brincaram, comeram, viram TV, fizeram de tudo e mais um pouco.

As mãe das meninas vieram buscá-las logo, e foi complicado para fazer as duas concordarem em ir. Tiveram que prometer que deixariam todos brincarem juntos de novo algum outro dia.

Depois chegaram Alice e Diego, que vieram buscar os filhos, e assim como as novas amigas, não queriam ir embora. Logo convenceram os filhos á irem embora. Se despediram de Carla, Tomás e os gêmeos, e logo em seguida, cada um foi pra sua casa.

Créditos :Monaliza Araujo e Micaela Lopes

Um comentário:

  1. Oi,tudo bem?
    Espero que sim,bom eu to lendo suas webs agora em 2015 e queria saber se vc nao vai mais postar???

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